quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Atitudes Marcantes

Um olhar mais demorado, um sentimento.
Um passo com o pé descalso, um machucado.
Um silêncio prolongado, a última palavra a ser dita.
Um sorriso simpático, um novo amigo.
Um gesto errado, a perda de uma oportunidade.
Uma palavra errada, a perda de uma verdade.
Uma frase mal dita, uma lágrima.
Uma paisagem, uma foto.
Um desvio de atenção, um tropeço.
Um ato de amor, uma vida.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Meu eu no papel

Sinto em mim um certo tipo de dificuldade para expressar aquilo que eu penso, sinto e acredito. Para fazê-lo tenho que estar extremamente feliz, triste, confusa, irritada, decepcionada. Enfim, tenho que estar extrema, intensa! Morna, apática, conformada, não rola. Necessito de inspiração.
É como se os acontecimentos, situações e experiências se acumulassem dentro de mim. Como se cada riso, lágrima, olhar, abraço, grito, fosse guardado, aos poucos até que eu ficasse cheia. E essa mistura de todos os tipos de sensações se transformasse em "extremamente alguma coisa".
E então, quando acontece a excessividade de sentimentos, um turbilhão de idéias vem a tona, tomam conta da minha cabeça. Todas as minhas ânsias, desejos, euforias inexpressados se transformam em palavras, invadindo meus pensamentos, assim, tudo de uma vez só. E antes que eu consiga ao menos abrir a tampa da caneta, cadê? Já passou! É muito rápido, momentâneo. E aquela sensação de palavras entaladas continua.
Até que finalmente chego a um estágio em que não consigo calar minha própria mente e a coisa flue, calma e serenamente. É tão tranquilo que eu consigo sentar e amontoar no papel de forma lógica as várias inquietudes que se alojaram em mim.
É um processo. Um processo complexo, excêntrico, prazeroso. É aquilo que eu sinto que eu sei fazer mas ao mesmo tempo acho que não faço bem.
E no fim, eu me satisfaço quando eu consigo entender tudo o que me intriga, me emociona, me fascina; minhas verdades, a sinceridade das minhas convicções. É como se eu explicasse para eu mesma tudo o que passei, vi, pensei e senti em algumas linhas tortas, que para alguns, não fazem sentido nenhum (uma pena), mas para outros e principalmente para mim, fazem todo sentido do mundo.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

A dor de não ter vivido

Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas
e não se cumpriram.

Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer,
apenas agradecer por termos conhecido
uma pessoa tão bacana,
que gerou em nós um sentimento intenso
e que nos fez companhia por um tempo razoável,
um tempo feliz.

Sofremos por quê?

Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer
pelas nossas projeções irrealizadas,
por todas as cidades que gostaríamos
de ter conhecido ao lado do nosso amor
e não conhecemos,
por todos os filhos que
gostaríamos de ter tido junto e não tivemos,
por todos os shows e livros e silêncios
que gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados,
pela eternidade.

Sofremos não por que
nosso trabalho é desgastante e paga pouco,
mas por todas as horas livres
que deixamos de ter para ir ao cinema,
para conversar com um amigo,
para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe
é impaciente conosco,
mas por todos os momentos em que
poderíamos estar confidenciando a ela
nossas mais profundas angústias
se ela estivesse interessada
em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu,
mas pela euforia sufocada.

Sofremos não porque envelhecemos,
mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós,
impedindo assim que mil aventuras
nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e
nunca chegamos a experimentar.

Como aliviar a dor do que não foi vivido?

A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!!

A cada dia que vivo,
mais me convenço de que o
desperdício da vida
está no amor que não damos,
nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca,
e que, esquivando-se do sofrimento,
perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional.

Carlos Drummond de Andrade