sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Presente futuro

Planos, planos, planos...
E vivemos a vida em função deles.
Agente cresce, e para de viver o hoje, começa a viver o amanha,
e o depois e o depois...
Sempre fazemos coisas para conquistar algo, que não virá hoje.

Não acho ruim, acho vago... incerto.
Mas também se fosse certo, que graça teria?
Saber se vamos ou não viver o presente no futuro.
Complicado não?

E agente vai vivendo, na tentativa de ter a certeza de que chegaremos
ao amanha, com o hoje conquistado.

"Quem bater primeira dobra do mar
Dá de lá bandeira qualquer
Aponta pra fé e rema"

Dois barcos -Los Hermanos

E estaremos sempre remando...

Magnifique


Georges Seurat - Uma tarde de domingo na Ilha de La Grande Jatte. 1884- 1886

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Atitudes Marcantes

Um olhar mais demorado, um sentimento.
Um passo com o pé descalso, um machucado.
Um silêncio prolongado, a última palavra a ser dita.
Um sorriso simpático, um novo amigo.
Um gesto errado, a perda de uma oportunidade.
Uma palavra errada, a perda de uma verdade.
Uma frase mal dita, uma lágrima.
Uma paisagem, uma foto.
Um desvio de atenção, um tropeço.
Um ato de amor, uma vida.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Meu eu no papel

Sinto em mim um certo tipo de dificuldade para expressar aquilo que eu penso, sinto e acredito. Para fazê-lo tenho que estar extremamente feliz, triste, confusa, irritada, decepcionada. Enfim, tenho que estar extrema, intensa! Morna, apática, conformada, não rola. Necessito de inspiração.
É como se os acontecimentos, situações e experiências se acumulassem dentro de mim. Como se cada riso, lágrima, olhar, abraço, grito, fosse guardado, aos poucos até que eu ficasse cheia. E essa mistura de todos os tipos de sensações se transformasse em "extremamente alguma coisa".
E então, quando acontece a excessividade de sentimentos, um turbilhão de idéias vem a tona, tomam conta da minha cabeça. Todas as minhas ânsias, desejos, euforias inexpressados se transformam em palavras, invadindo meus pensamentos, assim, tudo de uma vez só. E antes que eu consiga ao menos abrir a tampa da caneta, cadê? Já passou! É muito rápido, momentâneo. E aquela sensação de palavras entaladas continua.
Até que finalmente chego a um estágio em que não consigo calar minha própria mente e a coisa flue, calma e serenamente. É tão tranquilo que eu consigo sentar e amontoar no papel de forma lógica as várias inquietudes que se alojaram em mim.
É um processo. Um processo complexo, excêntrico, prazeroso. É aquilo que eu sinto que eu sei fazer mas ao mesmo tempo acho que não faço bem.
E no fim, eu me satisfaço quando eu consigo entender tudo o que me intriga, me emociona, me fascina; minhas verdades, a sinceridade das minhas convicções. É como se eu explicasse para eu mesma tudo o que passei, vi, pensei e senti em algumas linhas tortas, que para alguns, não fazem sentido nenhum (uma pena), mas para outros e principalmente para mim, fazem todo sentido do mundo.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

A dor de não ter vivido

Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas
e não se cumpriram.

Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer,
apenas agradecer por termos conhecido
uma pessoa tão bacana,
que gerou em nós um sentimento intenso
e que nos fez companhia por um tempo razoável,
um tempo feliz.

Sofremos por quê?

Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer
pelas nossas projeções irrealizadas,
por todas as cidades que gostaríamos
de ter conhecido ao lado do nosso amor
e não conhecemos,
por todos os filhos que
gostaríamos de ter tido junto e não tivemos,
por todos os shows e livros e silêncios
que gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados,
pela eternidade.

Sofremos não por que
nosso trabalho é desgastante e paga pouco,
mas por todas as horas livres
que deixamos de ter para ir ao cinema,
para conversar com um amigo,
para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe
é impaciente conosco,
mas por todos os momentos em que
poderíamos estar confidenciando a ela
nossas mais profundas angústias
se ela estivesse interessada
em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu,
mas pela euforia sufocada.

Sofremos não porque envelhecemos,
mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós,
impedindo assim que mil aventuras
nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e
nunca chegamos a experimentar.

Como aliviar a dor do que não foi vivido?

A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!!

A cada dia que vivo,
mais me convenço de que o
desperdício da vida
está no amor que não damos,
nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca,
e que, esquivando-se do sofrimento,
perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional.

Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Ai... como eu queria

Queria ser diferente. Queria me vestir diferente, pensar diferente, andar diferente.
Queria ser mais agressiva, mais corajosa, mais divertida, mais intensa, mais segura, mais dedicada.
Queria dançar sem me preocupar com quem esta olhando. Queria gritar quando eu tivesse vontade, abstrair tudo quando eu estivesse saco cheio.
Queria escrever bem, saber tirar fotos, tocar vários instrumentos, falar várias linguas, ser culta, viajada. Na verdade ser só viajada não bastaria, queria conhecer o mundo todo!
Queria morar na praia todo verão, brincar na neve todo inverno. Queria me mudar todo ano!Queria não ter que me preocupar com horário, poder dormir até cansar, acordar cedo pra caminhar no parque.
Queria morar em um lugar sem trânsito, com um governo decente e pessoas educadas.
Queria fazer uma tatuagem, colocar biquini sem encanação, ficar bonita fazendo careta, me arrumar em 5 min, passar um dia inteiro fazendo comprasss! Queria poder sair do supermercado sem pagar!
Queria viver um filme de romance, um de comédia e um de ação!
Queria dar aquele beijo de cinema, debaixo da maior chuva.
Queria mudar a cor do meu quarto todo mês, ler 4 livros por mês, assistir 30 filmes por mês!Queria descobrir uma música boa por dia. Queria praticar esportes radicais, lutas, danças, aulas de culinária, etiqueta e yoga.
Queria dedicar mais tempo a minha familia, mais tempo aos meus amigos, mais tempo a todos que eu amo. Queria trabalhar menoos! Queria ter 4 filhos. Queria poder me teletransportar todos os dias às 17:30 da tarde pra beira da praia para assistir o por do sol e por volta das 23:00 para um lugar onde eu pudesse ver a lua bem de perto!
Queria ter o direito de acordar de muitooo mau humor e aliviar minhas frustrações com um balde de chocolate. Queria acordar com um beijo todos os dias.
Queria gostar de todo mundo. Queria suportar todo mundo.
Queria poder falar a verdade em qualquer situação. Queria amar sem inseguranças, ter pelo menos um motivo por dia pra gargalhar até ficar sem folêgo, e um motivo por ano para chorar descontroladamente.
Queria ter a certeza de que no decorrer da minha vida ainda vou fazer tudo que eu sempre quis.

Devaneando...

Segundo o Aurélio:
Devaneio
s.m. Estado de espírito de quem se deixa levar por lembranças, sonhos e imagens: passar as horas em devaneio. / Sonhos, quimeras, fantasias, ficções: isto são devaneios de uma alma doentia.
Percepção
s.f. Apreensão da realidade ou de uma situação objetiva pelo homem. / Seu resultado: a percepção das cores. / Reação de um sujeito a um estímulo exterior, que se manifesta por fenômenos químicos, neurológicos, ao nível dos órgãos dos sentidos e do sistema nervoso central, e por diversos mecanismos psíquicos tendentes a adaptar esta reação a seu objeto, como a identificação do objeto percebido (ou seu reconhecimento), sua diferenciação por ligação aos outros objetos etc.
É isso.